O tema Inteligência Artificial não é nenhuma novidade para o mercado atualmente, a evolução das ferramentas de IA tem chamado atenção por sua clareza, desempenho e eficiência.
Contudo, muitas pessoas ainda se sentem inseguras com essa nova realidade. Afinal de contas, como a Inteligência Artificial pode impactar o mercado de trabalho e como ela pode influenciar a transformação digital nas empresas?
Para ter essa resposta, conversamos com André Queiroz, Head de Inovação e Produtos da SENNO, startup parceira da Avivatec, que nos ajudou a entender melhor o assunto.
Confira nossa entrevista sobre a evolução da Inteligência Artificial e como ela pode influenciar a transformação digital.
Sobre a SENNO
A SENNO foi criada em 2017 para auxiliar os clientes em sua jornada de inovação. Na carteira de clientes estão o grupo fashion SOMA, a farmacêutica Hypera, além de empresas alemãs, como a Inter Zero. Em 2020, publicou o método SENNO para facilitar o entendimento das técnicas de gestão da inovação e mostrar as boas práticas na hora de pôr a inovação em ação.
Atualmente oferece serviços de treinamento, consultoria e de desenvolvimento de tecnologias com foco em inteligência artificial e data science. Em 2024, a companhia vai lançar no mercado o SENNO Ideas, um software de gestão inteligente de ideias que utiliza um algoritmo proprietário de inteligência artificial para ajudar clientes a gerir a inovação.
Saiba mais no site: https://senno.ai
1- Quais os impactos da inteligência artificial nas empresas segundo seu ponto de vista?
Existem alguns impactos. Um deles é que, diferente da automatização, que é usar máquinas para eliminar trabalhos repetitivos, hoje a inteligência artificial pode ser usada para sintetizar o conhecimento. Com isso, a habilidade de produzir novos conhecimentos deixa de ser uma exclusividade humana.
Isso muda a lógica vigente da sociedade capitalista, que é produzir a maior quantidade de conhecimento no menor tempo disponível. Com a IA produzindo conhecimento sintético, os humanos vão ter que dar valor na sua capacidade de selecionar e fazer a curadoria desse conhecimento produzido pelas máquinas.
Um relatório do Fórum Econômico Mundial em parceria com o Linkedin corrobora com essa hipótese. O texto afirma que as principais habilidades para o profissional do futuro incluem: o pensamento analítico e criativo, letramento tecnológico, curiosidade e resiliência para interpretar sinais e identificar tendências para fazer as coisas diferentes e melhores.
2- Como a IA pode ajudar na transformação digital das empresas?
Existem centenas de aplicações e casos de uso da IA no universo corporativo, especialmente quando pensamos em transformação digital. Essa tecnologia atua como uma grande assistente pessoal, que ajuda as pessoas em suas atividades diárias.
A inteligência artificial pode ajudar a tomar decisões sem o viés humano, ajudando o empresário a escolher melhores estratégias. Permite ainda sintetizar uma persona, o que pode ser útil para a criação de campanhas de marketing mais eficientes e para o desenvolvimento de novos produtos.
Ou mesmo ajudar a desenvolver conteúdos diversos, seja em texto, áudio, imagens ou vídeo, o que permite criar campanhas hipersegmentadas, abordando dores e necessidades de um indivíduo. Existem ferramentas de IA que funcionam como coach de vendas, ajudando o time comercial a fechar mais negócios.
A IA pode ser útil ainda no treinamento de colaboradores, auxiliando os profissionais a se tornarem as melhores versões de si mesmos e desenvolvendo características como liderança por meio de práticas orientadas.
3- Qual a importância da inovação e transformação digital para as empresas?
Para falar de inovação, é importante entender o conceito de destruição criativa, criado pelo economista tcheco Joseph Schumpeter. Ele acreditava na inovação de forma muito ampla, seja como um produto, um processo e mudanças organizacionais que podem surgir de novas descobertas científicas ou combinar tecnologias já existentes, realizando aplicações em um novo contexto. É um ato criativo na economia. O lucro só pode ser alcançado e mantido a longo prazo apenas por empresários que são capazes de criar ou realizar inovações.
E esse fenômeno acontece ainda hoje. A Innosight, consultoria especializada em estratégias de inovação, fez um estudo relacionando a teoria de Schumpeter e o índice da Standard & Poor’s 500, que mede a cotação em bolsa das maiores companhias americanas.
Os dados apontam que em 1964, o tempo médio de uma empresa no S&P 500 era de 33 anos. Em 2016, esse número diminuiu para 24 anos e a previsão é de que ele caia para apenas 12 anos até 2027. Na atual taxa de rotatividade, cerca de metade das empresas do S&P 500 serão substituídas nos próximos dez anos.
Essa força disruptiva aponta para a necessidade de as empresas adotarem uma transformação dupla: focar nas mudanças nas necessidades dos clientes e buscar novas estratégias, especialmente as que envolvem a adoção de novas tecnologias e processos, incluindo a IA.
4- Vocês acreditam que a hiperprodutividade pode se tornar um diferencial competitivo?
A inteligência artificial certamente vai trazer um aumento de produtividade para a sociedade. No Brasil, temos uma grande oportunidade, que é a mudança do perfil demográfico brasileiro: a nossa população está envelhecendo, estamos nos tornando mais parecidos com países desenvolvidos.
Isso nos leva a conclusão de que o crescimento do nosso PIB será dependente da produtividade média do trabalhador e da nossa capacidade de elevar o valor agregado médio do que produzimos aqui. A IA pode ser uma ferramenta para elevar a produtividade e o valor agregado do produto brasileiro.
Existem alguns estudos que tentam quantificar esse ganho. O banco Goldman Sachs analisou o impacto do uso de IA no mercado de trabalho e os resultados indicam que a adoção da IA poderia impulsionar o PIB global anual em 7%, algo em torno de US$ 7 trilhões. Já a Mckinsey estima um valor total de benefícios econômicos anualmente na faixa de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões.
5- Como a IA pode ajudar as empresas na tomada de decisões estratégicas?
Acredito que num futuro próximo, essa tecnologia vai ter que sentar na mesa de reunião do conselho administrativo. Os líderes vão ter que tomar decisões cada vez mais baseadas em evidências e dados e a IA tem a capacidade de ajudar na tomada de decisão. Na verdade, essa tecnologia já existe, ela apenas não é tão popular como o ChatGPT ou o Midjourney.
Na SENNO, a gente usa em clientes um aplicativo chamado Rationale que permite gerar uma avaliação crítica por meio de inteligência artificial: ele pondera prós e contras, realiza análises SWOTs automaticamente, decisões de múltiplos critérios e de relação causal.
Outro case é o Paretos, uma plataforma de inteligência que ajuda empresas a tomarem decisões baseadas em dados. Com ele, o usuário não precisa de conhecimento prévio em ciência de dados para avaliar dados complexos, prever cenários futuros e tomar ações otimizadas.
O Buynomics, por sua vez, ajuda a tomar as melhores decisões sobre preços, promoções, produtos, termos comerciais, canais e mix de portfólio, dando recomendações confiáveis para obter melhores resultados.
Como falei, a IA vai estar integrada em todos os lugares, funcionando como um assistente dos humanos para todo o tipo de decisão e, em breve, cada vez mais empreendedores e líderes vão tirar proveito dela para suportar a tomada de decisão.
6- Como as empresas podem aproveitar ao máximo a IA?
Adotando as tecnologias de IA existentes e se preparando para as novas que ainda vão surgir.
Existe muito trabalho para ser feito, seja no treinamento e capacitação dos colaboradores e na criação de uma cultura que apoie a inovação e a adoção da IA.
Outro ponto essencial é ter data lakes para que a IA possa ser efetivamente utilizada. A organização e integração das bases de dados é uma tecnologia madura, já existe há uns 15 anos e ela é uma premissa para desenvolver aplicações personalizadas para as necessidades e dores da sua organização, ao invés de adotar uma solução genérica como o ChatGPT.
Se a empresa não tiver esse conhecimento interno sobre dados e IA ela pode colaborar com startups, universidades ou mesmo buscar profissionais que são especialistas nesse mercado. A hora para começar a investir nesse segmento é agora.
7- Você acha que a evolução das competências da Inteligência Artificial pode representar um risco aos seres humanos, havendo substituição de mão de obra?
Na verdade não. Existe esse conceito chamado Displacement, que é o ato de forçar alguém ou algo a sair de uma posição inicial. Eu acredito que a IA, do jeito que ela existe hoje, gera esse sentimento de deslocamento. E isso já aconteceu na nossa história.
A teoria heliocêntrica criada pelo matemático polonês Nicolau Copérnico é considerada um dos pontos de partida para o iluminismo. Já as observações da fauna de Galápagos pelo naturalista inglês Charles Darwin acentuaram a discussão em torno das teorias evolutivas e geraram um entusiasmo sobre a ciência e a revolução científica.
Nos clientes onde estamos implementando a IA, ela surge como uma forma de sintetizar conhecimento e apoiar o talento humano em suas atividades. Ela libera tempo de um analista para que ele possa fazer um trabalho de maior valor agregado, deixando as tarefas mais mundanas para a tecnologia.
8- Como se garantir em uma realidade onde a IA já consegue automatizar tantas atividades em tempo recorde?
Investimento em capacitação e treinamento das pessoas para que elas possam transitar nesse novo mundo com inteligência artificial e adquirir novas habilidades, com destaque para uma educação focada na economia do conhecimento.
Para prosperar na era da IA, devemos cultivar o pensamento crítico, a criatividade e a tomada de decisões éticas. A capacidade de discernir informações valiosas a partir dos vastos dados gerados pela IA, juntamente com uma forte bússola moral, será fundamental.
Além disso, a adaptabilidade e as competências interpessoais são essenciais num mundo onde a IA pode lidar com tarefas rotineiras, mas a interação humana permanece insubstituível. As pessoas devem ser incentivadas a abraçar a aprendizagem ao longo da vida e a desenvolver capacidades de comunicação eficazes para terem sucesso no local de trabalho e na sociedade.
Também será necessário, uma base sólida na alfabetização digital, com uma compreensão básica de codificação e sistemas de IA, equipando essas pessoas com as ferramentas necessárias para navegar pelas complexidades de um mundo impulsionado pela tecnologia.
9- Quais os principais desafios da implementação da inteligência artificial?
Ter bases de dados estruturadas, acessíveis e de fácil leitura por máquinas. Os dados são o principal instrumento para que a inteligência artificial possa aprender. O Brasil, por meio de seus governos e empresas, precisa ter uma infraestrutura de dados de IA fortalecida por dados abertos, estruturas de código aberto e princípios de acesso aberto, preparando o terreno para descobertas inovadoras e garantindo a competitividade no cenário global de IA. Ao abraçar estes pilares de abertura, reforçamos a colaboração, estimulamos a inovação e posicionamo-nos na vanguarda do desenvolvimento da IA.
10- O que podemos esperar do futuro da inteligência artificial segundo seu ponto de vista?
Abraçar o pleno potencial da inteligência artificial e garantir que ela seja acessível a todos não é apenas uma aspiração para o Brasil; é uma abordagem prática para enfrentar os desafios geopolíticos do país.
Na nossa busca por “Inteligência Artificial para Tudo e Todos”, as iniciativas de código aberto e dados abertos se tornam peças-chave para alcançar essa visão. Essas estruturas abertas nos capacitam a aproveitar o potencial transformador da IA ao mesmo tempo em que mitigamos as disparidades econômicas e restrições de recursos.
Através de algoritmos e modelos de código aberto, o Brasil pode acelerar a integração da IA em setores como saúde, educação e agricultura. As ferramentas de IA de código aberto promovem colaboração e inovação, reduzindo custos de desenvolvimento e melhorando a eficiência. Ao reunir recursos e conhecimento, podemos preencher as lacunas no acesso a tecnologias avançadas, garantindo que a IA beneficie todos os cidadãos.
Simultaneamente, as iniciativas de dados abertos promovem a transparência e o acesso a conjuntos de dados valiosos, essenciais para o desenvolvimento de IA.
Essas iniciativas apoiam a agricultura de precisão, telemedicina e outras aplicações de IA que abordam as disparidades dentro do Brasil. Ao fomentar políticas de dados abertos, possibilitamos que soluções inovadoras floresçam, melhorando, em última análise, a vida de todos os cidadãos.
Conclusão: como a Inteligência Artificial influencia a transformação digital?
Como descobrimos com a SENNO, a Inteligência Artificial pode ser muito útil na automatização de tarefas, oferecendo maior agilidade e eficiência nas entregas e no planejamento de tarefas, rotina, atividades e afins.
Em um mundo moderno, existe a necessidade constante de adaptação, sobretudo a essa nova realidade que promete se aperfeiçoar cada vez mais. Por isso, é importante aprender a trabalhar em conjunto e utilizar as ferramentas de IA da forma mais otimizada possível.
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